quinta-feira, 26 de julho de 2012

Apesar de Fukushima, a demanda de urânio aumentará com muita força


Funcionário checa os níveis de radiação em Fukushima atingida por um terremoto e tsunami em março de 2011
Apesar da catástrofe nuclear de Fukushima, a demanda mundial de urânio deve aumentar com muita força nos próximos anos, como reflexo do auge esperado do parque mundial de centrais atômicas, segundo relatório conjunto da Agência da OCDE para a Energia Nuclear (AEN) e a agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) publicado nesta quinta-feira.
A produção de urânio aumentou 25% entre 2008 e 2010 e alcançou 54.670 toneladas (o resto da demanda é coberto pela produção chamada secundária, como a reciclagem do combustível usado), e deverá progredir ainda 5% este anos, a 57.000 toneladas.
Segundo o estudo, a demanda de urânio para alimentar as centrais deverá se estabelecer entre 97.645 e 136.385 toneladas em 2035, contra 63.875 toneladas em 2010.
Dito de outro modo, as necessidades de urânio aumentarão ao menos 50% nas próximas décadas e poderá chegar a duplicar.
Isso resulta, segundo a AEN e a AIEA, de um aumento da envergadura do parque nuclear mundial avaliado entre 44 e 99% até 2035: deverá passar de 375 gigawatts no final de 2010 a uma faixa compreendida entre 540 e 746 gigawatts.
Estas previsões têm a ver, evidentemente, com as incertezas que pairam sobre o desenvolvimento do átomo civil depois do acidente registrado em março de 2011 na central japonesa de Fukushima, o pior desde Chernóbil em 1986.
Mas o relatório, feito por duas agências que têm por objetivo promover o uso da energia nuclear com fins pacíficos, prevê, no entanto, uma expansão em ritmo elevado desta fonte de energia muito controvertida, alimentada pelas crescentes necessidades em termos de matéria de energia dos países emergentes, em particular na Ásia, e sua prática ausência de emissões de CO2. Fonte: Yahoo Noticias

domingo, 15 de julho de 2012

Brasil nos últimos lugares de uma classificação sobre eficiência energética


A China é o primeiro lugar em questões de eficiência energética nos edifícios
O Brasil, junto com os Estados Unidos, Canadá e Rússia, se encontra nos últimos lugares de uma classificação de eficiência energética publicada nesta semana pelo Conselho Americano para uma Economia de Eficácia Energética (ACEEE).
Já o Reino Unido e os países da Europa Ocidental são os melhores alunos nesta matéria.
Segundo o ACEEE, o Reino Unido se situa em primeiro lugar numa relação de 12 grandes potências econômicas, incluindo a União Europeia, no que se refere à quantidade de energia consumida em relação a vários critérios como o PIB ou a população.
Depois do Reino Unido, em a Alemanha, o Japão e a Itália. E em seguida, a França, a União Europeia, a Austrália e a China. No final da classificação, estão os Estados Unidos, Brasil, Canadá e Rússia.
Os britânicos se distinguem particularmente pela eficácia energética de sua indústria, enquanto que a China é a primeira em questões de eficiência energética nos edifícios. No que se refere ao transporte, os chineses, italianos, alemães e britânicos compartilham o primeiro lugar.
A Alemanha é a primeira no "esforço nacional" em termos de eficácia energética, uma noção que agrupa elementos como fiscalização, pesquisa ou gastos públicos dirigidos para este fim.
"Nossos resultados mostram que, inclusive, quando há países que estão fazendo mais coisas que outros, ainda resta uma ampla margem de melhoria em cada um deles', afirmam os autores do relatório.
Quanto aos Estados Unidos, o relatório afirma que a ineficácia energética da primeira economia mundial "se traduz num enorme gasto de energia, recursos e de dinheiro".
Enquanto que o resto do mundo investe para melhorar sua eficiência energética, a ACEEE questiona "como os Estados Unidos poderão enfrentar o desafio da concorrência mundial se continuam empregando mal o dinheiro e a energia que outros países economizam e reinvestem". Fonte: Yahoo Notícias

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Japão admite que Fukushima foi desastre provocado pelo homem


Menina passa por exame de radiação em Koriyama, no município de Fukushima
O acidente nuclear de Fukushima foi "um desastre provocado pelo homem" e não apenas uma consequência do terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 no nordeste do Japão, concluiu uma comissão parlamentar que investigou a tragédia.
"Fica claro que este acidente foi um desastre provocado pelo homem. Os governos anteriores e o da época, as autoridades reguladoras e a Tokyo Electric Power (Tepco) falharam no dever de proteger a população e a sociedade", afirma a comissão no relatório final.
Segundo o resultado da investigação oficial, "o acidente foi o resultado de uma cumplicidade entre o governo, as agências de regulamentação e a operadora Tepco, além de uma falta de comando das mesmas instâncias".
"Traíram o direito da nação de ser protegida de acidentes nucleares. Por isto chegamos à conclusão de que o acidente foi claramente causado pelo homem", afirma o documento de 641 páginas.
"Pensamos que as causas fundamentais foram os sistemas de organização e regulamentação que se basearam em lógicas equivocadas, suas decisões e ações, e não um problema de competência de um indivíduo em particular".
O acidente de Fukushima, o mais grave desde a catástrofe de Chernobyl (Ucrânia) em 1986, aconteceu após um terremoto de 9 graus de magnitude na região de Tohoku (nordeste), que desencadeou um tsunami em todo o litoral.
Uma onda de quase 15 metros de altura arrasou as instalações da central nuclear Fukushima Daiichi, afetando os sistemas de resfriamento dos reatores e geradores de emergência situados no subsolo.
"Pensamos que em 11 de março, a central era vulnerável aos terremotos e tsunamis", destaca a comissão.
A operadora da central, Tepco, sempre afirmou que o acidente havia sido consequência de um tsunami de dimensões imprevisíveis.
"Isto se assemelha a uma desculpa para evitar responsabilidades", responde no relatório a comissão, que também ressalta que a "Tepco e as autoridades de regulamentação estavam a par dos riscos de tsunami e de terremoto".
"Apesar das várias oportunidades para adotar medidas, as agências de regulação e a direção da Tepco deliberadamente não fizeram nada, adiaram as decisões ou tomaram as medidas que lhes eram convenientes. Nenhuma medida de segurança foi adotada no momento do acidente", afirma o relatório.
A comissão estava integrada por 10 membros da sociedade civil (sismólogos, advogados, médicos, jornalistas e acadêmicos) designados pelos parlamentares.
Presidida pelo professor Kyoshi Kurokawa, a comissão interrogou os principais personagens da época e iniciou as investigações em dezembro de 2011.
O primeiro-ministro no momento da tragédia, Naoto Kan, admitiu em uma audiência da comissão, em maio, a responsabilidade do Estado na catástrofe, mas defendeu a administração geral da crise, apesar de alguns erros. fonte: Yahoo Notícias

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Físicos anunciam descoberta da provável "partícula de Deus"


Genebra, 4 jul (EFE).- O Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) inaugurou nesta quarta-feira uma nova era para a prospecção científica ao anunciar o descobrimento de uma partícula consistente com o "Bosón de Higgs", a chamada "partícula de Deus", que abre novos e mais importantes desafios para a física.
Após a apresentação pública dos resultados dos dois experimentos concebidos para achar o "Bosón de Higgs", o diretor-geral do CERN, Rolf Heuer, confirmou que "o mais provável" é que a partícula encontrada seja a defendida pelo físico Peter Higgs, considerada chave para a explicação da formação do Universo.
O "Bosón de Higgs" é o que daria massa ao resto das partículas e o que, nesta lógica, teria permitido a formação do Universo e de tudo que existe nele.
No entanto, Heuer e os porta-vozes dos dois experimentos em questão - CMS e ATLAS - optaram por tratar o assunto com prudência. Isso porque, apesar de se tratar de uma partícula nunca vista antes e que teoricamente se atribui ao "Bosón de Higgs", essa nova descoberta poderia ser um tipo diferente de "partícula de Higgs" e não exatamente a procurada.
"Se não fosse cientista eu diria que encontramos (o Bosón de Higgs)", admitiu Heuer, que em seguida destacou que esta descoberta, correspondente ou não com a teoria de Higgs, representa um avanço fenomenal na compreensão da natureza.
"Se estivermos diante da partícula descrita por Higgs é como se tudo acabasse aqui. Mas, se tratar de outro tipo de "Bosón de Higgs", estaremos apenas abrindo a possibilidade para desenvolver uma nova física, além do atual modelo padrão", afirmou à Agência Efe o pesquisador do CERN Juan Alcaraz.
Este fato explica porque os físicos presentes na conferência se mostraram tão entusiasmados com ambas as possibilidades. O certo é que com o nível de certeza alcançado hoje, a possibilidade desta nova partícula não ser a de "Bosón de Higgs" é de uma entre três milhões.
Entre os presentes na conferência estavam quatro dos seis teóricos que desenharam o modelo padrão da Física nos anos 60, incluindo o próprio Higgs, de 83 anos, que só falou na hora de cumprimentar os pesquisadores do CERN. Higgs chegou a ser questionado duas vezes pelos jornalistas presentes, mas preferiu não comentar suas impressões sobre o momento que estava vivendo.
O físico e porta-voz do experimento CMS, Joe Incandela, disse à imprensa que ainda "há grandes incertezas" e, por isso, "é muito cedo" para dizer que se trata de um "Bosón de Higgs" do Modelo padrão.
Pelo experimento ATLAS, Fabiola Gianotti disse que agora "continuará buscando respostas em todas as direções", sem excluir nenhuma possibilidade.
Fabiola destacou a importância dos dois experimentos terem alcançados resultados "totalmente compatíveis" de forma totalmente autônoma um do outro. Segundo a pesquisadora, a ideia agora é consolidar estes resultados de maneira individual para combiná-los em uma etapa posterior.
Os dados em que se baseiam os experimentos foram obtidos com o Grande Acelerador de Hadrones (LHC) do CERN, situado na fronteira franco-suíça, onde são produzidas 40 milhões de colisões de prótons por segundo, das quais se registram e analisam entre 300 e 600, a um nível de energia que não pode ser reproduzido por nenhuma outra máquina.
O porta-voz do experimento CMS, Joe Incandela, utilizou uma metáfora para explicar essa busca: "É como uma piscina olímpica cheia de areia, onde somente poucas centenas de grãos são dignas de estudo".
Segundo a teoria de Peter Higgs, essa partícula seria o primeiro "bosón" fundamental, ou seja, que não está composto por partículas menores.
Nos próximos meses, os físicos do CERN estarão dedicados na investigação das propriedades desta nova partícula "para entender bem o poderemos encontrar", explicou Fabiola Gianotti.
No entanto, esmiuçar esta partícula até o mais ponto mais profundo poderia demorar anos, já que durante este processo os pesquisadores "poderiam descobrir algo totalmente diferente" e pôr em questão o que hoje se considera uma evidência.
Para tentar chegar mais longe o mais rápido possível, a direção do CERN decidiu nas últimas horas prolongar por três meses o funcionamento do LHC, que devia ser apagado em pouco tempo.
Com esta confirmação, o acelerador seguirá funcionando até o final de ano e depois deverá entrar em um longo período (aproximadamente dois anos) de manutenção. EFE Fonte: Yahoo Noticias

Quem somos nós? O bóson de Higgs, um pouco mais de espanto e vertigem


Imagem distribuída pelo CNES em Genebra mostra uma colisão de prótons
A descoberta do que seria o bóson de Higgs não terá tanto impacto quanto a revolução de Galileu sobre o pensamento humano, mas ajudará a explicar a questão das origens, de acordo com dois filósofos entrevistado pela AFP.
"É um momento emocionante para a física, mas eu acho que esta descoberta não é comparável à de Galileu", acredita o filósofo e astrofísico Hubert Reeves. "Ela não terá um impacto sobre todo o pensamento humano, como a de Galileu", um forte defensor da teoria heliocêntrica, que foi condenado pela Igreja Católica por causa de suas descobertas científicas.
"Galileu ficou conhecido por mudar a ideia ocidental que se tinha do mundo, houve uma revolução", concorda Jacques Arnould, teólogo responsável pela missão ética do CNES (Centre National de Estudos Espaciais).
No entanto, a nova descoberta é um elemento adicional para a compreensão do que seria a origem da nossa realidade contemporânea, o universo em sua composição atual e sua história. "E isso é enorme!", ressalta.
"Foi assim que se construiu a pesquisa de Galileu, com investigação e questionamento".
A descoberta do famoso bóson, se confirmada, acrescenta Reeves, "não modificará realmente a nossa compreensão do mundo. Ela confirma o que já temos de conhecimento, e isso já é muito".
Do ponto de vista filosófico, ela "traz um acréscimo para dois sentimentos que são constantemente reforçados e renovados no público em geral: o espanto e a vertigem", afirma Jacques Arnould.
Ele explica: "Surpreendentemente, a cada vez que nos são dados alguns elementos da realidade observada e os meios utilizados, tomamos consciência da complexidade da realidade e do compromisso humano para saber o que somos e de onde viemos, e ficamos maravilhados".
"O cimento original"
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"Vertigem também. Pensamos nos Infinitos de Pascal, que são assustadores: eles falam sobre a constituição da matéria que conseguimos observar, a mesma que foi formada nos primeiros instantes do universo, o cimento original ".
"Muitos de nós sabemos muito bem que o que acontece no nível do infinitamente pequeno ou do infinitamente grande. Mesmo distantes da nossa medida, fazem parte de nós", acrescenta.
Diante dessa "vertigem" metafísica, várias atitudes são possíveis, acredita o teólogo: "pode-se dizer que as nossas ações não têm importância nenhuma quando se fala em bilhões de anos, que estamos perdidos e sem chão. Ou podemos, em vez disso, questionar com orgulho e responsabilidade o porquê de nossa singularidade como ser humano pensante, que tem uma consciência de si mesmo e quer conhecer".
Ainda assim, ele conclui, "toda a dimensão da escolha humana é construída coletivamente e individualmente. Isso levanta a questão da origem dos seres humanos e de Deu. Algumas pessoas se recusam, enquanto outras não. Estamos em uma abordagem pessoal".
"Nós não estamos nem mais perto nem mais longe de Deus do que ontem. Estamos em tempos extraordinários em termos de construção de um conhecimento coletivo sobre o que nos constitui, em que pela primeira vez não fazemos guerra", declara.
"O conhecimento não pode impor nada a qualquer crença pessoal e vice-versa, senão chegamos à mistura da qual Galileu é um triste exemplo". Fonte: Yahoo Notícias