Após meses de intensas negociações, as grandes potências iniciaram neste sábado um fim de semana de negociações cruciais sobre o programa nuclear iraniano, a última etapa antes de um possível acordo histórico, que é esperado para terça-feira, o mais tardar.
Contudo, um avanço decisivo nas negociações ainda era esperado, no oitavo dia desta rodada final.
O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, declarou neste sábado que a sua organização poderia concluir ainda este ano a investigação sobre a "possível dimensão militar" (PMD) do programa nuclear do Irã, um dos pontos-chave do processo.
"Com a cooperação do Irã, acredito que podemos concluir um relatório no final deste ano com esclarecimentos (...)" das questões relacionadas com a PMD, afirmou Amano à imprensa em seu retorno de Teerã, onde se reuniu com o presidente iraniano Hassan Rohani.
A PMD é um dos aspectos mais delicados das negociações. A AIEA suspeita que Teerã pode ter conduzido pesquisas, pelo menos até 2003, com o objetivo de adquirir a bomba atômica, e quer acesso aos cientistas envolvidos, bem como aos documentos e instalações que poderiam ter abrigado estas investigações.
'Progressos' sobre a PMD
O Irã sempre negou qualquer intenção em adquirir arsenal militar nuclear, alegando que os documentos nos quais a AIEA se baseia são falsos.
"Realizamos progressos", assegurou Amano, cuja agência poderia desempenhar um papel crucial na monitorização de um eventual acordo entre o Irã e as grandes potências.
Estados Unidos e Irã expressaram mensagens conciliatórias na sexta-feira e o secretário de Estado americano, John Kerry, indicou que todas as partes estão fazendo um "esforço real" para atingir o objetivo.
Seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, evocou, por sua vez, os "desafios comuns", em especial a luta contra o extremismo.
"Apesar de algumas diferenças, estamos mais perto do que nunca de um acordo. Mas nada está garantido", declarou Zarif quatro dias antes da data-limite para alcançar um acordo final.
Em uma mensagem de vídeo postada no YouTube, Zarif abre as portas para uma cooperação futura, caso alcancem um compromisso.
"Estamos dispostos a abrir novos horizontes para enfrentar desafios importantes e comuns. Hoje em dia, a ameaça comum é o rápido desenvolvimento do extremismo violento e a barbárie sem limites", ressaltou Zarif, referindo-se ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Os Estados Unidos lideram uma coalizão internacional contra o EI no Iraque e na Síria, à qual o Irã não participa.
Segundo uma nova lei, se o Congresso americano receber o texto do acordo antes de 9 de julho, terá 30 dias para se pronunciar, mas além desta data, disporá de 60 dias para examiná-lo.
As potências do grupo 5+1 (Reino Unido, China, França, Rússia, Estados Unidos e Alemanha) se deram uma semana extra, até 7 de julho, para tentar fechar um acordo sobre o programa nuclear iraniano após 20 meses de intensas negociações.
"Estamos realmente na reta final da partida", declarou à imprensa um funcionário do governo americano.
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