sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Grande Acelerador de Partículas é desligado para manutenção técnica de 2 anos


Genebra, 14 fev (EFE).- Após sete meses do descobrimento de uma nova partícula fundamental no Grande Acelerador de Partículas (LHC), o Centro Europeu de Física de Partículas (CERN) anunciou que esta complexa maquinaria foi desativada e permanecerá desligada pelo menos por mais dois anos para uma grande manutenção técnica.
Foi o experimento do LHC que ofereceu ao mundo o último grande avanço na compreensão da origem da matéria ao detectar, com uma precisão de 99,9%, a partícula "Bóson de Higgs" - a chamada "partícula de Deus", a última peça que faltava na teoria que sustenta a física moderna e explica a existência de tudo que nos rodeia.
A "partícula de Higgs" é a que torna possível a união dos átomos, o princípio do qual parte a existência do próprio universo.
Os trabalhos de manutenção no Grande Acelerador de Partículas consistirão, entre outros complexos procedimentos, em voltar a efetuar as interconexões entre os ímãs do LHC para que, quando for ligado novamente em 2015, possa funcionar a uma energia de colisão de 14 TeV (teraelétrons-volt ou trilhões de elétrons-volt).
Neste nível de energia - muito acima dos 8 TeV que alcançava ultimamente - o experimento será capaz de confirmar com total certeza científica que essa nova partícula corresponde à de Higgs.
Além disso, essa complexa manutenção abriria porta para novas descobertas em relação às partículas elementares e à chamada "matéria escura", que supostamente constitui ao redor de 84% do universo.
A passagem previa à desativação do LHC foi realizada nesta quinta, quando uma equipe do Centro de Controle do CERN extraiu os últimos feixes de prótons do anel do acelerador, localizado em um túnel circular de 27 quilômetros de circunferência e construído entre 50 e 175 metros abaixo da superfície na fronteira da Suíça com a França.
O acelerador foi criado para colidir feixes de prótons ou íons pesados lançados em direções opostas, com choques que foram capazes de gerar intensidades de energia sem precedentes e que - após uma avaria inicial, que obrigou os cientistas a interromper seu funcionamento em dez meses entre 2008 e 2009 -, superou as expectativas dos cientistas.
Os físicos medem a quantidade de dados em femtobarns inversos e quando registraram as últimas colisões em alta energia entre prótons, no último mês de dezembro, os experimentos ATLAS e CMS tinham registrado cada um ao redor de 30 femtobarns inversos, dos quais 23 foram obtidos em 2012.
Em comparação, a partícula descoberta em 2012 foi encontrada com 12 femtobarns inversos de dados, o que deixa os cientistas do CERN com uma quantidade inimaginável de informação para analisar durante esta primeira grande paralisação do acelerador.
ATLAS e CMS são dois experimentos paralelos, com centros de controle e análise próprios, que têm lugar no LHC e que coincidem em um objetivo comum: buscar o "Bóson de Higgs" por meios diferentes para contrastar resultados.
Outro aspecto que revela a magnitude da experiência científica que supôs o LHC nestes três anos é a quantidade de dados armazenados no CERN em suas últimas semanas de funcionamento.
Estes superam o número de 100 petabytes, uma quantidade equivalente a cerca de 700 anos de filmes em alta definição.
"Temos todas as razões para estar muito satisfeitos com os primeiros três anos de exploração do LHC", comentou o diretor-geral do CERN, Rolf Heuer, ao comunicar sua paralisação.
"A máquina, os experimentos, as instalações informáticas e todas as infraestruturas funcionaram extremamente bem e agora temos um descobrimento cientifico maior em nosso ativo", acrescentou.
O acelerador deverá ser posto novamente em funcionamento em 2015, indicou o organismo cientifico, sem especificar o mês exato. EFE Fonte: Yahoo Notícias

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